Atividade Física e Stress

Atividade Física e Stress Oxidativo

Atletas de rendimento estão cada vez mais na busca por soluções ou estratégias alimentares para melhorarem sua performance.

Já sabemos da enorme importância de uma simples reeducação alimentar na melhora da disposição e performance física do atleta. Pequenos ajustes ou correções tanto na distribuição dos macro/micronutrientes quanto no fracionamento e horários da alimentação já induzem a melhorias perceptíveis pelo atleta.

Seria fácil se isso bastasse. A busca incessante pela melhoria da performance leva à contínua evolução dos métodos de treinamentos e os atletas estão cada vez mais fortes, isso aumenta cada vez mais o nível e a rivalidade nas competições e treinos.

Neste contexto, temos nosso organismo em que a evolução da nossa performance física se dá através de centenas de milhares de adaptações fisiológicas e bioquímicas das simples às mais complexas.

Neste texto falaremos sobre uma dessas adaptações, que é bem específica e muito importante: a adaptação do nosso sistema oxidativo.          

O nome é complexo mas é simples de entender: o trabalho muscular gera um certo Stress em nosso organismo e este stress tem um potencial oxidativo para as células do nosso corpo. Pra fácil entendimento esta oxidação que ocorre é a mesma oxidação de uma peça de metal que pela ação do tempo, calor, chuva, acaba oxidando e enferrujando.

Nossas células oxidam e enferrujam da mesma maneira, porém o dano se dá através de lesões na membrana das células, proteínas e até na estrutura do nosso DNA.

Os atletas, principalmente de atividades longas (endurance) ou intensas, estão mais susceptíveis a terem maiores danos celulares por oxidação e estes danos são causados pelo aumento da produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) ou Radicais Livres. Essas moléculas são as responsáveis pela tal oxidação, e esta oxidação acaba afetando também a musculatura do atleta causando fadiga, queda gradativa de performance e até overtrainning.

Porém, nada em nosso corpo acontece por acaso.  Hoje já existe vasta evidência que a produção dessas moléculas, as EROs ou radicais livres, são essenciais para nossa própria adaptação à atividade física e evolução da performance.

Como tudo na vida o equilíbrio é o mais importante, durante a atividade física à medida em que esses radicais livres são produzidos nosso corpo os neutraliza com a ação de enzimas antioxidantes.  Essas enzimas são produzidas pelo nosso organismo este equilíbrio entre oxidação X antioxidantes é o mais importante tanto para a performance física quanto para a prevenção de doenças e nossa saúde de modo geral.

Vemos hoje vários atletas preocupados com esta questão e realizando a suplementação com nutrientes antioxidantes (principalmente vitaminas C e E) no intuito de melhorar a resposta do corpo aos radicais livres porém pouca literatura sustenta esta ideia. Segundo estudos a suplementação extra de nutrientes antioxidantes pode interferir na resposta antioxidante natural do corpo inibindo a nossa própria produção de enzimas antioxidantes e assim piorando a recuperação muscular e performance.

Estudos já demonstram que a vitamina C pode agir com íons de metais formados pela atividade física dando origem a novos radicais livres. Da mesma forma a vitamina E quando suplementada pode interagir com um radical livre dando origem a uma nova molécula de radical livre.

Um estudo de 2001 analisou o efeito da suplementação de Vitamina C e N-Acetil-Cisteína/NAC (uma medicação com potencial antioxidante) e confirmou piora na resposta antioxidante dos grupos suplementados.

Em 2007 um estudo analisou o efeito da suplementação de Vitamina C e E em triatletas antes da competição IronMan e detectou o não esperado: aumento dos marcadores de oxidação celular durante a prova e subsequente piora da atividade de enzimas antioxidantes após a prova.

Por outro lado estudos promissores analisam positivamente o efeito da suplementação de nutrientes específicos que participam da formação de enzimas antioxidantes (principalmente a Glutationa). Dentre esses nutrientes estão a taurina, metionina e a cisteína(NAC), porém estes também com resultados bem contraditórios.

Por fim, percebemos que precisamos ter muito cuidado com suplementação, seja ela qual for. Nosso corpo é perfeito e funciona como uma orquestra. Interferir no funcionamento da orquestra pode ser positivo mas pode também ser desastroso!!

Fonte: Dietary thiols in exercise: oxidative stress defence, exercise performance, and adaptation. McLeay et al. Journal of the International Society of Sports Nutrition (2017).

 

 

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