Eixo Cérebro-Intestino e

Eixo Cérebro-Intestino e alterações na Microbiota intestinal em Atletas de alto rendimento

 

A importância da saúde intestinal pra melhoria da qualidade de vida tem sido vastamente estudada nos últimos anos.

Hoje já podemos afirmar que tratando o intestino de um paciente conseguimos atingir praticamente todo o seu organismo, controlando a inflamação, obesidade, glicemia e diversas outras alterações e doenças.

Atletas de modo geral, principalmente de alto rendimento, devido ao alto desgaste físico, estão suscetíveis a descontroles tanto psicológicos (como depressão) quanto gastrointestinais (inflamação e aumento da permeabilidade intestinal - disbiose) engatilhados por um processo de stress com liberação de hormônios catabólicos e citocinas inflamatórias.

Estudos com camundongos, por exemplo, já apontaram uma forte relação entre stress físico/emocional e alterações na composição da microbiota intestinal.

Um estudo de revisão de 2016 abordou de maneira bem ampla a relação entre o stress causado pela atividade física intensa e alterações importantes na flora bacteriana intestinal. Segundo os autores, a microbiota também é responsável por modular a produção de hormônios excitatórios e inibitórios (serotonina, Gaba e dopamina).

Outros estudos também já comprovaram que a alteração da microbiota intestinal através da suplementação de prebióticos e probióticos tende a controlar o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal reduzindo os níveis de stress em atletas.

Um ponto importante é que os próprios protocolos internacionais de alimentação e suplementação para os atletas priorizam o consumo de carboidratos simples (para maximizar os estoques de glicogênio), baixas doses de gorduras e Fibras, favorecendo a piora na qualidade da microbiota intestinal

Abaixo algumas recomendações nutricionais, especialmente aos atletas, a fim de preservar a microbiota intestinal contra o stress gerado pela atividade física:

  • Carboidratos: atletas frequentemente apresentam alta ingestão de carboidratos simples (pobres em fibras) a fim de uma mais rápida absorção e recuperação muscular e energética, com isso acabam tendo uma ingestão deficiente em fibras. Muitas vezes até mesmo evitam fibras pelo receio de formação de gases e distensão abdominal.
  • Proteínas: apesar de necessidades aumentadas de proteínas devido um maior desgaste muscular dietas hiperprotéicas podem afetar a função e composição da microbiota intestinal devido a formação de substancias indesejadas derivadas da fermentação de aminoácidos. Todas essas substancias são relacionadas em outros estudos com piora da inflamação intestinal, câncer de cólon, aumento da permeabilidade intestinal e lesões no DNA.
  • Gorduras: o aumento da ingestão de Omega-3 (dosagem de 1-2gr/dia) e redução de Omega-6 é bastante interessante pois reduz parâmetros inflamatórios durante a atividade física
  • Fibras: baixo consumo de fibras é associado à baixa diversidade da microbiota, menos bactérias benéficas e baixa formação de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA). Esses ácidos graxos são importantes mediadores da resposta inflamatória.
  • Probióticos: apesar de não haver um protocolo específico de suplementação de probióticos para os atletas há vasta literatura comprovando a relação do consumo desses produtos com alterações benéficas da microbiota intestinal, principalmente Lactobacilos e Bifidobactérias. Essas alterações tendem a aprimorar a função imune do indivíduo assim como estimular a proliferação celular intestinal. Sendo assim, atletas sob alta demanda física e stress possivelmente terão benefícios.

 

Fonte: Clark and Mach Journal of the International Society of Sports Nutrition (2016) 13:43. DOI 10.1186/s12970-016-0155-6

 

 

 

 

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